Eu esqueci.
Assim começa certas coisas, com um esquecimento profundo.
A morte se inicia como um esquecimento, porque nós não conseguimos nos lembrar dela.
Se a memória se apaga com a morte, contudo o que foi produzido com esta ferramenta não se apaga nunca.
Dizem que a morte é um esquecimento, um nada, um vazio eterno. Ainda assim ela esta presente na iconografia e persiste no nosso dia a dia; ain
da assim relegamos esse conceito - ou ideia que não existe- para o fundo de nossas mentes. De onde ela não pode nos apavorar ou nos assustar.
Existem no mundo os mais variados ritos fúnebres já catalogados pela humanidade. Estes geralmente são seguidos com a pompa da fé de cada individuo.
E em cada rito carregado de significado psicológico há apenas uma certeza: a de que queremos esquecer os mortos, e assim sucessivamente a morte.
A morte fala mais do pensamos ou entendemos sobre a vida, porque ela é o fim de todos os atos cometidos e o monumento que demonstra o fim de uma existência concreta.
No entanto continuamos com os nossos ritos para esquecermos de tudo o que a morte representa, por isso, que ao calarmos a voz deste silencioso arauto do fim, não conseguimos aprender o que teríamos que saber a muito tempo.
Estamos a cinco meses de 2014, e a mídia já explorou mais de cinco mortes importantes, no entanto apesar do choque que a noticia traz, empurramos para o fundo de nossas mentes todo o significado que um morte pode ter, e não é culpa da mídia.
Todas as culturas tem um dia apenas dedicado aos mortos como no Brasil temos o "Dia de Finados", porem em algumas culturas esse dia é celebrado com brincadeiras e alegria ( Só ressaltando que alegria sempre foi mal vista pelos puritanos) acredito que essas culturas são mais tolerantes com as pessoas, e dão maior significado a vida do que aquelas que simplesmente tentam esquecer a morte enterrando-a em seu subconsciente dizendo: " A vida continua".
Existem culturas e religiões que efetivamente adoram a Morte, isso parece bizarro, se visto do ponto de vista puritano ou judaico-cristão. Um exemplo bem pratico é o uso de caveiras pela cultura Pop, que significa nada mais e nada menos que "todos nós somos iguais". É claro que para o cidadão mediano que pouco se importa com o significado das coisas, deixando outros decidirem o significado das coisas que elas não entendem nem conhecem: uma caveira pode ser um sinal de susto ou medo.
Do que que eu estava falando mesmo...
Há.
Por isso que morte do Menino Bernado não causou tanta comoção como foi a morte da menina Isabella, porque esse assunto de pais matando filhos já foi enterrado num passado distante. Porem não deveria, porque... Porque mesmo? Ah porque temos o dever não só repensar nossas estruturas sociais de relacionamento, como também o cuidado e manutenção da vida biológica como algo sagrado. Porque na minha filosofia, a morte de crianças significa necessariamente um descaso total com a vida em si, já que elas representam a vida no seu auge biológico.
Do que que eu estava falando mesmo?
Sim, lembrei.
A morte do Coronel Paulo Magalhães que falou a Comissão da Verdade ficou esquecida para a maioria, mas não para a ONU que pediu investigação imediata.
Isso não porque ele era um "cara mal", o conceito de bem e mal é um conceito falho que pode ser invertido ao bel prazer de qualquer um pelo motivo de ser subjetivo. O Coronel não era nada mais e nada menos que um guerreiro, um soldado que treinado para lutar e morrer, e sua morte entrou na categoria de morte de guerreiros, apesar de não ter sido justa.
Não tem uma semana que uma mulher foi morta no Guarujá confundida com uma bruxa de magia negra raptora de crianças... ... Parou, parou , parou! O que que eu acabei de escrever? O leitor desatento não percebeu, mas acabei de justificar a morte se fosse por outro motivo! Ou seja, se realmente ela fosse suspeita, seria justo mata-la friamente e covardemente? Como se ela fosse um animal? Apesar de que acabei de dizer que podemos matar animais covardemente.
Do que que eu estava falando mesmo...
É triste o fato de que as pessoas estão se acostumando não com a presença da morte, mas com a ideia de que ela não existe. Sempre é melhor esquecer e dizer: " A vida continua".
A morte física existe, talvez ela não seja uma perca da consciência, quem sabe nós apodrecemos lentamente num estado cataléptico, onde não sentimos nenhuma dor- talvez- mas conseguimos ver nossos corpos se desfazendo, sendo comido por animálculos. O que sei, é que nada sei sobre a morte. Por isso que não posso jamais esquece-la
Agora que excluir uma pessoa de um grupo ou de uma comunidade dói, imagina alguém te excluindo dessa vida.
Lembre-se pelo menos, que ninguém têm direito disso, a não ser que essa pessoa esteja lutando pelo direito dela viver. Boa filosofia, mas dizemos todo dia para nossos filhos que ninguém tem esse direito, e todo dia damos esse direito para pessoas que não estão nem um pouco preocupadas com a nossa vida. Essa contradição é possível, já que temos memória curta.
Póstumos
Falando em memória curta, bruxos são aquelas pessoas que foram mortas pela Inquisição Católica, e ou, Protestante, que na verdade geralmente eram Pessoas mal vistas pela sociedade, por serem diferentes, dentre essas pessoas existiam grupos inteiros como Judeus, Ciganos, Homossexuais, Pagãos, ou pessoas que como A Bruxa do Guarujá, foram pegas desprevenidas por pessoas com más intenções. E essa historia de que "Esses Bruxos" roubam crianças para atos de Bruxaria já foi provado ser uma invenção da Igreja Cristã para angariar dinheiro com batismos de crianças. Ou seja uma lenda urbana inventada por motivos avaros. Mesmo que a Policia seja enfática nesse caso e diga que não existe na cidade do Guarujá antes do episódio nenhum caso de desaparecimento de crianças, ainda assim, vão continuar buscando outras bruxas para queimarem em suas fogueiras. Porque a lenda urbana se fundiu por osmose com a fé cristã.
Existem casos mesmo de pessoas pegando crianças, mas já foi provado também que eram cristãos vestidos de bruxos, já que os cristãos acreditam em magia negra com crianças.
Como não lembro de mais nada.